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- 07-1-Ana Maria Benko Iseppon
Cadeira 7 (Efetivo) - Membro da APC desde 2021
Ana Maria Benko Iseppon
Áreas: Ciências Biológicas e Genética Vegetal
Link recomendado: Currículo Lattes
Nasceu em São Paulo (SP) em 08 de abril de 1959. No ano de 1980, formou-se Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade de Mogi das Cruzes (SP). Em 1986, iniciou mestrado na Universität Wien (Universidade de Viena, Áustria), sendo logo promovida a estudante de doutorado (1987), sob a orientação dos Profs. Wilfried Morawetz e Dieter Schweizer. Escreveu sua tese de doutorado no idioma alemão, a qual foi defendida em novembro 1991, quando recebeu o título de Doutora em Ciências Naturais (Doctor Rerum Naturalis) com excelência reconhecida (Summa cum Laude) na área de Genética Vegetal. Em 1992, iniciou vínculo como Pesquisadora Visitante (primeiro pós-doutoramento) junto à Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, Departamento de Botânica, com Bolsa FAPESP (Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), onde manteve vínculo até 1994. Nesse período realizou pesquisas com plantas dos Campos Rupestres e Cerrados (SP e MG), orientou estudantes e ministrou aulas na USP e na UNICAMP, tendo sido supervisionada pelas docentes Dra. Ana Maria Giulietti e Dra. Nanuza Luiza de Menezes. Em junho de 1994, foi aprovada em concurso público junto ao Departamento de Genética da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo empossada em outubro/1994 como Professora Adjunta I. Realizou pós-doutorado na área de Biologia Molecular Vegetal pela Goethe Universität, Frankfurt, Alemanha (1998-1999), sob a orientação do Prof. Günther Kahl. Realizou várias missões de intercâmbio e parcerias com as Universidades de Leipzig e Kassel e Frankfurt, bem como o Senckenberg Institute e o Palmengarten Frankfurt (Alemanha). Em 2010, foi aprovada em concurso público para vaga de Professor Titular (1º lugar entre seis candidatos). Desde então atua como Professora Titular no Departamento de Genética da UFPE, onde chefia o Laboratório de Genética e Biotecnologia Vegetal (http://www.lgbv-ufpe.net/). É bolsista de produtividade junto ao CNPq desde 2004, detendo atualmente bolsa de Pesquisador nível 1A (comitê Botânica). Tem experiência na área de Genética Vegetal, com ênfase em Genômica, Bioinformática aplicada às Ômicas, Sistemática Molecular, Evolução, e Citogenética Molecular. Publicou até 2021, mais de 130 artigos, um livro, 31 capítulos de livros, quatro patentes, softwares e trabalhos em eventos, incluindo mais de 30 conferências. Orientou 70 alunos de pós-graduação (mestrado e doutorado). Foi duas vezes coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Genética (UFPE), Chefe do Depto. de Genética (UFPE) e Presidente da Regional da SBG para Pernambuco (mandato 2010-2012) e para o Nordeste (2017-2018), além de participar das diretorias regionais no período de 2008-2020. Atuou na organização de 32 eventos, sendo 12 como presidente. Participou como membro do Comitê Assessor da área de Genética no CNPq no período de 2017-2020. Coordena as redes de ômicas “NordEST”, “Cowpea Genomics Consortium”, “Vitis Omics Network” e “InterSys Network”. Foi eleita Presidente da Sociedade Brasileira de Genética (mandato 2020-2022).
Patrono
Georg Marcgraf
Nome também grafado como “Georg Marggraf” ou “George Marcgrave” ou ainda “George Margrave”. Nascido em 20 de setembro de 1610, em Liebstadt, Saxônia, Alemanha. Foi um naturalista de destaque, conhecido como um dos primeiros exploradores e descritores das riquezas naturais da região Nordeste do Brasil no século 17. Filho de um professor e organista, começou a estudar matemática, botânica, astronomia, química e medicina em 1627, visitando as universidades de Estrasburgo, Basel, Ingolstadt, Altdorf, Erfurt, Wittenberg, Leipzig, Greifswald, Rostock, Stettin e Leyden. Em 1638, destacou-se como um dos mais jovens participantes na expedição plurianual de Maurício de Nassau ao Nordeste do Brasil, junto com outros cientistas e artistas como Frans Post, Albert Eckhout e Willem Piso. Durante sua estadia, Marcgraf mapeou a costa e o interior entre os paralelos 5 e 11 durante três anos. Além de estudar a zona da mata, excursões também levaram Marcgraf ao interior dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande no Norte e Alagoas. Durante essas excursões, Marcgraf realizou extensos estudos de botânica, zoologia, astronomia, além de realizar observações e registros do tempo. Fez a primeira descrição científica de um eclipse solar no Novo Mundo (1640). Além disto, teve papel fundamental na concepção do Jardim Zoológico e Botânico do Recife, inaugurado em 1638, o primeiro do Brasil. Marcgraf morreu de febre tropical em 1644, aos 34 anos, em São Paulo de Loanda (Angola, África). Após sua morte, seus registros científicos chegaram à Europa via Maurício de Nassau e de lá para outras mãos. Grandes partes permanecem perdidas. Johannes de Laet, que recomendou Marggraf para a expedição ao Brasil, processou suas anotações sobre aves do Nordeste do Brasil na 5ª edição da Historia Naturalis Brasiliae. Seus mapas moldaram a imagem do Brasil até o século XVIII. Em contraste, uma grande parte dos registros matemáticos e astronômicos permanecem perdidos. Nesta área da ciência em particular, é possível que Marcgraf tenha anotado observações in loco, as quais só foram publicadas décadas depois, como o primeiro diretório de estrelas do céu meridional (apresentado em 1679 por Edmond Halley). Durante sua estada no Brasil, Marcgraf montou um extenso herbário que serviu de modelo para vários desenhos de Albert Eckhout, bem como para ilustrações na Historia Naturalis Brasiliae publicada em 1848. Nesta coleção há 173 plantas, além de outras espalhadas por outros herbários. Em 1751, Carl von Linné comentou sobre Marggraf e seu herbário, destacando a qualidade de suas descrições e a excelência da coleção. Como reconhecimento pelo trabalho de Marcgraf, Charles Plumier o homenageou, nomeando um gênero de plantas neotropicais (Marcgravia) alocado na família Marcgraviaceae. Além disto, várias espécies receberam o nome de Marcgraf, como por exemplo Palicourea marcgravii e Artepitheta marcgravii. A maioria das análises cromossômicas e as primeiras análises do tamanho dos genomas de espécies das Marcgraviaceae foram realizadas e publicadas por pesquisadores Pernambucanos (UFPE e UFRPE) em conjunto com cientistas da Universität Goethe e da Universität Leipzig, conforme Schneider et al. [https://doi.org/10.1111/boj.12226]. Merece menção o fato de que uma pessoa que viveu apenas 34 anos foi capaz de fazer tantas observações, tantos registros, atuando como botânico, zoólogo, astrônomo, cartógrafo e ilustrador (entre outros), deixando um legado que até hoje é muito estudado e digno de admiração. Seu nome é pouco conhecido no Nordeste Brasileiro, região onde fez tantas contribuições científicas.