Cadeira 71 (Efetivo) - Membro da APC desde 2019

Maria Helena Neves Lobo Silva Filha

Área: Biologia

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Bióloga, nasceu na cidade do Recife em 15 de dezembro de 1967. Iniciou sua formação acadêmica tendo obtido os títulos de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1990. Durante a graduação ingressou no programa de iniciação científica no grupo de genética de insetos, no Centro de Ciências Biológicas-UFPE sob a orientação da Dra. Maria José de Souza Lopes, o qual foi determinante para escolha pela atuação em pesquisa e docência acadêmicas.

Como bióloga, passou a integrar a equipe do projeto de controle da filariose conduzido pelo Instituto Aggeu Magalhães (IAM) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), atuando no grupo de insetos vetores, liderado pela Dra. Lêda Regis e Dr. André Furtado. Este foi um projeto pioneiro e de caráter multidisciplinar na avaliação de métodos integrados para o controle de vetores. Os estudos realizados neste projeto resultaram na obtenção do título de mestre em Ciências pelo Instituto Osvaldo Cruz-FIOCRUZ (1995) e de publicações relevantes acerca da efetividade de larvicidas biológicos para o controle de mosquitos e da avaliação de resistência a estes compostos.

O doutorado (1999) em “Sciences de la Vie-Physiologie des Invertébrés” pela Université Pierre et Marie Curie-Paris VI (França), foi desenvolvido na Unité des Bactéries Entomopathogènes do Instituto Pasteur-Paris, e abordou aspectos moleculares inéditos do modo de ação de biolarvicidas em espécies de mosquito de importância médica. Desde 1997 a pesquisadora atua no departamento de Entomologia do IAM-FIOCRUZ tendo participado da consolidação deste departamento, criado em 1994, e que hoje é uma referência nacional em vigilância e controle de mosquitos vetores. Sua produção científica no tema “Modo de ação de toxinas bacterianas e controle de mosquitos vetores” engloba dezenas de artigos em periódicos especializados e capítulos de livros neste tema, resultantes da execução e projetos nacionais e internacionais.

A formação de recursos humanos, atuação em atividades de disseminação científica e no Serviço de Referência em Controle de Culicídeos Vetores também são atividades relevantes durante a trajetória profissional. Foi chefe do departamento de Entomologia por dois mandatos além de ter participação em outras atividades de gestão e desenvolvimento institucional.

Desde 2003 a pesquisadora tem atuado como consultora ad hoc de revistas científicas e agências de fomento à pesquisa, incluindo participação na câmara técnica da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco entre 2012 e 2015. Atualmente é pesquisadora titular do departamento de Entomologia do IAM-FIOCRUZ.

Patrono

Frederico Simões Barbosa

Médico e biólogo, nasceu em 27 de julho de 1916 em Recife e deixou um notável legado para a epidemiologia e saúde pública brasileiras. Teve uma atuação marcante na produção de conhecimento científico e construção de políticas públicas voltadas para o combate à esquistossomose no Brasil e, em particular, na região Nordeste.

Prof. Frederico Simões Barbosa teve uma carreira consagrada à ciência e ao ensino, com um olhar profundamente social voltado para a melhoria da saúde e bem estar da população brasileira. Ele formou-se pela Faculdade de Medicina de Recife (FMR) em 1938 e nos anos subsequentes atuou na Universidade de São Paulo no grupo de parasitologia e micologia junto aos eminentes Professores Samuel Pessoa e Floriano de Almeida. Em seguida retornou à FMR para atuar em clínica médica, docência e pesquisa com importantes contribuições para equacionar os problemas de saúde regionais nas décadas de 1940 e 1950.

A sua vocação de biólogo também o levou a diplomar-se em história natural de 1952, na Universidade Católica de Pernambuco, reforçando o seu profundo interesse pela pesquisa e docência acadêmicas. No Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, instituto criado em 1950 para o combate de endemias locais, Prof. Simões Barbosa deu início aos estudos em esquistossomose que perseguiu durante toda a sua carreira, além de também ter dirigido este centro por dois períodos (1950-1961, 1964-1969). Dentre as suas contribuições científicas de maior destaque estão aquelas no campo da ecobiologia e controle dos moluscos vetores da esquistossomose.

Seus estudos eram sempre norteados pela análise dos fatores sócio-ambientais e culturais como determinantes do processo saúde-doença, em abordagem transdisciplinar que permitia a descoberta e inovação através da transposição de ideias e teorias de um campo do conhecimento para outro. A atuação no âmbito internacional foi profícua com passagens por instituições acadêmicas de prestígio nos EUA, atuação como consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Foi marcante a contribuição de seus estudos para limitar de forma racional o uso de moluscicidas para o controle da esquistossomose, em favor de uma visão integrada incluindo estratégias de manejo ambiental e desenvolvimento comunitário, tendo em conta o cenário complexo de condições que originavam e mantinham a doença nas populações e áreas afetadas. Estas permitiram a definição de estratégias para o controle sustentável da doença com repercussão internacional. Ao voltar ao Brasil, após sua atuação na OMS (1969-1971), Prof. Simões Barbosa atuou com protagonismo em instituições como a Universidade de Brasília onde inovou o currículo médico com a inclusão da disciplina “Medicina Comunitária” e do “Programa Integrado de Saúde Comunitária”, precursor do atual sistema de atenção primaria à saúde.

Com essas práticas e ideologias também atuou na Universidade Federal de São Carlos e na Escola Nacional de Saúde Pública-FIOCRUZ. Em 1991 retornou ao Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, onde atuou até o final de sua carreira. Ocupou ainda diversas posições de destaque na Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, fundador da Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde da UNB e fundador da revista Cadernos da Saúde Pública. Prof. Simões Barbosa, médico, biólogo, pesquisador e educador faleceu em março de 2004, após sessenta anos dedicados à ciência, educação e à saúde.