Cadeira 89 (Efetivo) - Membro da APC desde 2020

Isabel Cristina Sobreira Machado

Áreas: Botânica e Ecologia da Polinização

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Nasceu no Recife, em 16 de agosto de 1957, filha de pai português (Ernesto Alves Machado) e mãe brasileira (Maria Zélia Sobreira Machado). Concluiu o Mestrado (1985) e o Doutorado (1990) na Unicamp, realizando estágio “sandwich” de um ano na Universidade de Mainz, Alemanha. Em 1980, por concurso público, ingressou como Professora no Departamento de Botânica da UFPE, tendo prestado novo concurso público para Titular em 2006, cargo que ocupa até hoje. Após concluir o Doutorado, iniciou uma série de ações estratégicas que culminaram na criação do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, sendo Coordenadora desse Programa por oito anos, desde a primeira turma em 1991 até 1998, continuando como Professora Permanente até hoje. É pesquisadora 1A do CNPq e suas atividades de pesquisa estão voltadas para a investigação de processos relacionados com a ecologia da polinização em espécies de angiospermas, com foco na interação, adaptação e evolução de flores a diferentes grupos de animais polinizadores, desde pequenos insetos até vertebrados, como beija-flores e morcegos. Ao lado de parceiros colaboradores, organizou o livro “Reserva Ecológica de Dois Irmãos: Estudos em um remanescente de Mata Atlântica em Área Urbana (Recife-Pernambuco-Brasil)”, publicado em 1998, com o apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco (SECTMA/PE), na gestão do Prof. Dr. Sergio Rezende, e o livro “Biologia da Polinização”, publicado em 2014, com apoio do antigo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Publicou mais de 100 artigos em revistas científicas internacionais e dezenas de capítulos de livros. Tem contribuído para a formação de recursos humanos, orientando mais de 150 alunos. Atuou e atua como coordenadora de projetos de pesquisa com financiamento nacional e em colaborações internacionais, especialmente com grupos da Alemanha, Argentina, Áustria e EUA. Atualmente, coordena um projeto apoiado pelo programa PROBRAL/DAAD/CAPES em parceria com pesquisadores da Universidade de Ulm. Auxiliando a gestão da UFPE, foi Coordenadora Geral de Iniciação Científica e Diretora de Pós-Graduação da Propesq, integrou as Câmeras de Pesquisa e Pós-Graduação da Propesq, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CCEPE) e o Conselho Universitário. Fora da UFPE, atuou como membro da Câmara de Biológicas da FACEPE e do Comitê Assessor da Botânica (CA-Bot) do CNPq. Recentemente foi homenageada na descoberta e denominação de um novo gênero de plantas, Isabelcristinia aromatica (Linderniaceae), publicado na revista internacional Phytotaxa em 2019. É casada com João Maurício Adeodato, tem duas filhas (Marina e Iara) e uma neta (Rita).

Patrononesse

Graziela Maciel Barroso

Dra. Graziela Maciel Barroso nasceu em 1912, no Mato Grosso do Sul, e ficou nacionalmente conhecida como a “primeira-dama da botânica no Brasil”. Teve uma trajetória acadêmica admirável e inusitada. Iniciou seus estudos com botânica quando tinha 30 anos, estagiando no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Em 1945, fez concurso para naturalista do JBRJ, tornando-se a primeira mulher a realizar esse concurso e a ocupar essa função na Instituição, abrindo caminho para outras mulheres cientistas no Brasil. Na condição de pesquisadora do JBRJ, incrementou o intercâmbio científico com outras instituições nacionais e estrangeiras. Ingressou no curso superior de Botânica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) quando já tinha 47 anos e só aos 60 anos defendeu sua tese de Doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Dona Graziela”, como era carinhosamente chamada, ensinou na UFRJ, na Unicamp e foi a primeira professora de Botânica da Universidade de Brasília (UnB). De 1992 até meados de 1996, nos primeiros anos de funcionamento do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFPE, ela integrou o quadro de professores, ministrando disciplinas para as primeiras turmas do Mestrado e orientando alunos, ajudando na implementação e consolidação do referido Programa na UFPE. Publicou vários artigos científicos e alguns livros que se tornaram referência para o estudo, catalogação e identificação das plantas. Sistemática de Angiospermas do Brasil, lançado em 1978, com três volumes, é uma das suas principais contribuições para a ciência brasileira, ao lado do livro Frutos e Sementes: Morfologia Aplicada à Sistemática de Dicotiledôneas, publicado em 1999. Por sua vida dedicada ao estudo das plantas, tem cerca de 25 espécies vegetais batizadas com seu nome, como Grazielodendron rio-docensis, Diatenopteryx grazielae e Dorstenia grazielae. Em 1989, o prédio da botânica sistemática do JBRJ recebeu seu nome e em 1997 foi destaque da escola de samba Unidos da Tijuca, em homenagem ao Jardim Botânico. Em 1999 se tornou a primeira brasileira a receber a medalha Millenium Botany Award, nos EUA. Em 2000, recebeu da prefeitura do Rio de Janeiro o diploma “Orgulho Carioca” e em 2001, foi laureada com a Ordem Nacional do Mérito Científico. Como defensora da natureza, Dra. Graziela, no final dos anos 90, chamou de “barbaridade” os estragos causados ao meio ambiente e a impunidade desses casos. Como reconhecimento ao seu trabalho, desde 2014, a Secretaria do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul concede anualmente o “Troféu Marco Verde – Dra. Graziela Maciel Barroso”, prêmio dado às pessoas que se dedicam à proteção e recuperação do meio ambiente. Continuou como consultora do JBRJ, mesmo aposentada, até quase os 90 anos. Faleceu em 2003, aos 91 anos, um mês antes de ser empossada na Academia Brasileira de Ciências.