CORONAVÍRUS DIVERSOS SÃO IDENTIFICADOS EM MORCEGOS DE PERNAMBUCO

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Portal da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) participam de estudo nacional que identificou e sequenciou uma parte do genoma de coronavírus – Alphacoronavirus – em amostras de morcegos coletadas no município de Aliança, em Pernambuco. Ainda em sua fase inicial, o estudo é iniciativa da Rede Previr (MCTI) – conduzido numa parceria entre a UFRPE, o Instituto de Ciências Biomédicas II (ICB-II), a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

A pesquisa, em seus primeiros resultados, indica que, por meio de um monitoramento dos coronavírus em animais silvestres, é possível identificar precocemente uma possível dispersão de SARS-CoV-2 na fauna silvestre brasileira. Coordenada pelo virologista Edson Durigon (USP), a rede está montando um banco de dados sobre a distribuição de vírus na fauna silvestre brasileira.

As amostras foram identificadas a partir dos exames RT-PCR realizados pela FZEA-USP. O laboratório realizou testes em 142 amostras coletadas pela equipe da UFRPE no município de Aliança-PE, desde o mês de fevereiro de 2021.

No total, 16 amostras positivas foram identificadas pelo teste específico para a detecção da subfamília viral Orthocoronavirinae. Outras seis foram pré-selecionadas por pertencerem a diferentes espécies de morcegos. Essas amostras se agruparam com outros Alphacoronavirus anteriormente identificados em amostras de diferentes espécies e regiões.

De acordo com nota da Rede Previr, houve alta identidade dos vírus da mesma espécie, porém menor identidade quando comparada entre as espécies. Os dados sugerem que esses vírus apresentam a parte do genoma caracterizada semelhantes aos vírus que circulam em morcegos.

O professor Severino Mendes Júnior, do Departamento de Biologia da UFRPE, que coordena a pesquisa na Região Nordeste, afirma que o município de Aliança foi escolhido por se tratar de uma região com fragmentos florestais e, ao mesmo tempo, a presença de pessoas no entorno, pela importância da relação entre humanos e animais silvestres em ambientes florestais. De acordo com o pesquisador, identificar os vírus na população natural de cada região é de extrema importância para a saúde pública. “Não podemos entender como surgiu o vírus A ou B não temos informações de sua presença na população natural de cada região. Por isso a relevância dessa pesquisa na saúde pública, uma vez que esses vírus podem sofrer algumas mudanças e essas mudanças podem gerar uma cepa de alta patogenicidade”, ressalta.

O pesquisador afirma que, na coleta, são armadas redes para capturas de aves, durante o dia, e morcegos à noite. As amostras são acondicionadas em saquinhos de algodão e, em seguida, são feitas as medidas necessárias e exames preliminares para obtenção dos biológicos da espécie. “Coletamos amostras de swab da garganta e da cloaca, além de amostras de sangue – gotículas coletadas da asa – cujo material é condicionado em baixa temperatura, em tubos. Ao final, ó material é enviado ao laboratório da USP, onde fazem a análise para identificar a presença dos vírus”, complementa.

A UFRPE, com colaboração da Universidade Federal do Agreste (Ufape), é responsável pela etapa biológica, da coleta de material até o levantamento da história natural de cada espécie, características dos indivíduos, distribuição e ecologia. Essa etapa se complementa com os estudos de virologia posteriormente desenvolvidos na USP e na Unicamp.

O trabalho de campo é realizado mensalmente, e as quatro coletas realizadas, até o momento, já trazem resultados interessantes para o monitoramento dos vírus nos animais silvestres em todo o País.  

Até agora, os vírus identificados nas amostras de morcegos das espécies Phylostomus hastatus, Phyllostomus discolor, Carollia perspicillata, Sturnira lilium estão indicadas em árvore filogenética disponibilizada pela equipe na imagem abaixo. Todos os dados estão sendo disponibilizados em bases de dados públicos nacionais (PREVIR – MCTI) e internacionais (PubMed), com a posterior submissão do trabalho ao periódico científico. As amostras identificadas pela rede PREVIR-MCTI foram destacadas em azul itálico na árvore.

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