A arqueóloga Niède Guidon foi contemplada com um dos mais importantes prêmios científicos do país, o Almirante Álvaro Alberto 2024. A condecoração é concedida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e CNPq em parceria com a Marinha do Brasil. O prêmio é atribuído a pesquisadores que tenham se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de valor inestimável para sua área de atuação.
Na década de 1970, Niède fundou o Centro Cultural e Museu do Parque Nacional Serra da Capivara. O Parque compreende uma área de 130 mil hectares, localizado no sudeste do Piauí e ocupa parte dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. O local abriga a mais antiga e maior concentração de arte pré-histórica das Américas.
Na década de 1980, Niède contestou a teoria de Clovis, pensamento que defende a chegada do Homo Sapiens às Américas há 12 mil anos, tendo cruzado o Estreito de Bering, mas descobertas arqueológicas de Guidon afirmavam a presença de restos humanos há pelo menos 32 mil anos em sítios arqueológicos da Serra da Capivara. Inovadora, a pesquisadora colaborou para o desenvolvimento de comunidades locais, a criação de escolas e impulsionamento do turismo no interior do Nordeste.
Niéde Guidon, que é membro titular da Academia Brasileira de Ciências, é uma referência internacional na Arqueologia. A cientista é natural de Jaú, interior de São Paulo, tem 91 anos e hoje vive reclusa no município de São Raimundo Nonato. Ela está aposentada da função de presidente da Fundação Museu do Homem Americano.
Em suas pesquisas, Guidon identificou mais de 700 sítios pré-históricos, 426 paredes de pinturas antigas, gravou mais de 35 mil imagens, publicou mais de 100 artigos e formou inúmeros alunos de pós-graduação.
Juntamente com o prêmio, a pesquisadora recebe também R$ 200 mil.
Niède Guidon está na história da ciência brasileira como uma das pesquisadoras mais conhecidas e respeitadas do mundo.