O sobrado onde viveu Clarice Lispector no Recife vai passar por uma grande reforma e virará um museu em homenagem à escritora. Quem está à frente do projeto é o cirurgião plástico, escritor, historiador e membro Emérito da Academia Pernambucana de Ciências, Moisés Wolfenson.
“Vendo o sobrado de Clarice Lispector em ruínas, há 50 anos, abandonado, criamos a Associação Casa Clarice Lispector (ACCL). No momento estamos presidente e iniciando a reconstrução do sobrado, com 10 projetos em andamento: fundação, coberta, fachada, museológico e outros, mas a maior meta será o Museu Clarice Lispector”, afirma o Dr. Wolfenson. O imóvel pertencia à Santa Casa de Misericórdia e foi cedido em regime de comodato à ACCL pelo período de 25 anos.
Localizado na Praça Maciel Pinheiro, 387, no bairro da Boa Vista, o local foi o primeiro endereço da escritora e de sua família na capital pernambucana. Clarice Lispector nasceu em 1920, em Chechelnyk, Ucrânia, sua família deixou a Europa fugindo dos Progrons , antissemitismo e da guerra na Rússia. Inicialmente mudou-se para Maceió, ainda de “colo”com 2 meses e ao Recife, com apenas dois anos. Na capital pernambucana aprendeu a andar, falar, ler e escrever. Em mais de 80 textos e artigos, além do livro “Felicidade Clandestina”, Clarice demostra seu amor pelo Recife.
Depois de concluída a reforma do espaço, o sobrado abrigará relíquias da escritora. São mais de 200 itens no acervo. Um espaço que contará ainda com biblioteca, café e auditório. Essa iniciativa de homenagem é única no Brasil e busca resgatar os valores da literatura protagonizada por Clarice. “O que vai acontecer com o Recife depois do Museu em funcionamento? Vai simplesmente ser o único museu de Clarice Lispector, essa escritora genial, intensa, visceral e profunda. Vai ter um museu em Pernambuco que a gente possa se orgulhar. O orgulho do Recife é ter isso. E vai ser muito bom para o turismo cultural. Virá gente do mundo todo porque Clarice hoje não é brasileira, é universal”, completa o Dr. Wolfenson.
MOISÉS WOLFENSON
Pernambucano, nascido em Recife , formou-se pela pela Universidade Federal de Pernambuco em 1971, mas bem antes disso já era apaixonado por literatura e pela cirurgia plástica. Sua maior inspiração sempre foi o Dr. Ivo Pitanguy, a quem considera seu grande “mestre”. Moisés Wolfenson foi o fundador do Museu Brasileiro de Cirurgia Plástica que hoje tem o nome de Museu da Cirurgia Plástica Ivo Pintaguy. O acervo, instalado em São Paulo, agrega doações de quase todos os estados do país.
Com 10 livros lançados e mais de 20 mil cirurgias plásticas realizadas é no Dr. Wolfenson que a Medicina e a Literatura se encontram. Uma união de arte e ciência que hoje tem como grande desafio cravar para sempre no coração do Recife o legado de Clarice Lispector.